Deixado agora para fora, eu me auto-despedi e tornei a sair de mim novamente
sem rumo e direção. Estava perdido e não havia sol nem lua para me guiar, as estrelas haviam
absorvido sua própria luz, os montes pareciam ter sido engolidos, não havia
rastros e nem montanhas tocando o céu que naquela escuridão se
apagava. Meu coração de gelo derreteu e sua água inundou o vazio de
minha alma. Senti frio e tentei me esconder em algum lugar quente
mais não havia cavernas nem buracos profundos que eu pudesse me esquentar, nem
pele de animal para que me revestisse, nem galhos para que pudesse me
envolver. Fui deixado a naufragar sozinho pela imensidão do mar, meus olhos não
encontravam refugio e abrigo seguro. Não havia terra firme nem
icebergs, somente o descontentamento do meu ser. Gritos eram insuficientes, meus sentidos se tornaram inúteis para mim.
Minha força era fraca, havia medo em meu olhar e meu corpo era só dor.
Nuvens não pairavam sobre mim e nem pássaros se fizeram presentes. Em meu espetáculo busquei a vida que tanto rejeitei em meu viver, e que
agora se apagava em mim. Fui posto para além dos meus limites que tanto
superestimei. Agora carrego água em meus pulmões, água podre,
água suja, contaminada por mim, por você, por todos que se perderam e se
afogaram em suas próprias tempestades.
Somos a nossa própria criação, do berço ao túmulo, da vida a morte.
Quem és tu?
Por Manfra
"Em meu espetáculo busquei a vida que tanto rejeitei em meu viver, e que agora se apagava em mim. Fui posto para além dos meus limites que tanto superestimei. Agora carrego água em meus pulmões, água podre, água suja, contaminada por mim, por você, por todos que se perderam e se afogaram em suas próprias tempestades."
ResponderExcluirMuito profundo! Simplesmente adorei, me identifiquei muito com os seus textos, com suas palavras... Não vou deixar de passar por aqui!