segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Resguardado

Deixado agora para fora, eu me auto-despedi e tornei a sair de mim novamente sem rumo e direção.  Estava perdido e não havia sol nem lua para me guiar, as estrelas haviam absorvido sua própria luz, os montes pareciam ter sido engolidos, não havia rastros e nem montanhas tocando o céu que naquela escuridão se apagava.   Meu coração de gelo derreteu e sua água inundou o vazio de minha alma.   Senti frio e tentei me esconder em algum lugar quente mais não havia cavernas nem buracos profundos que eu pudesse me esquentar, nem pele de animal para que me revestisse, nem galhos para que pudesse me envolver.   Fui deixado a naufragar sozinho pela imensidão do mar, meus olhos não encontravam refugio e abrigo seguro.   Não havia terra firme nem icebergs, somente o descontentamento do meu ser. Gritos eram insuficientes, meus sentidos se tornaram inúteis para mim.  Minha força era fraca, havia medo em meu olhar e meu corpo era só dor.  Nuvens não pairavam sobre mim e nem pássaros se fizeram presentes. Em meu espetáculo busquei a vida que tanto rejeitei em meu viver, e que agora se apagava em mim.  Fui posto para além dos meus limites que tanto superestimei.    Agora carrego água em meus pulmões, água podre, água suja, contaminada por mim, por você, por todos que se perderam e se afogaram em suas próprias tempestades.


Somos a nossa própria criação, do berço ao túmulo, da vida a morte. 

Quem és tu?


Por Manfra

Um comentário:

  1. "Em meu espetáculo busquei a vida que tanto rejeitei em meu viver, e que agora se apagava em mim. Fui posto para além dos meus limites que tanto superestimei. Agora carrego água em meus pulmões, água podre, água suja, contaminada por mim, por você, por todos que se perderam e se afogaram em suas próprias tempestades."

    Muito profundo! Simplesmente adorei, me identifiquei muito com os seus textos, com suas palavras... Não vou deixar de passar por aqui!

    ResponderExcluir