sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Àlcool voraz

Por onde começar o que eu quero terminar, falo de minha tragédia, de minha ruína, da maldição feita álcool, tantas decepções que poderiam ter sido evitadas. O que você fez? sua bebida voraz, quero sua expulsão do meu vasto inferno que você criou, andei tropeçando por aí, caindo em meio as desilusões da vida, não me dê mais um copo, quero o divorcio com sua maldade que se manifesta dentro de mim, quantas vezes você quase me matou, tirou meus amigos? deveria ter parado quando me aproximei da morte pela primeira vez, capotando aquela lata amassada, destruída pela minha inrresponsabilidade, deveria ter te matado, extinguido de minha vida, mais você me amou mais do que te odiei, maldito veneno que entra na alma, me faz de vilão, de louco inconsciente, de prenunciador de palavras malditas, vomitando pesadelos de uma ressaca que parece não ter fim. Quantas pessoas mais você quer machucar? quantas noites a mais dirigir bêbado ameaçando sua vida e de outros, pondo à prova a fé de sua mãe? quantas noites esvaecido? só me vejo sobre a cama que quase miraculosamente sossega esse corpo sem lembranças, apenas com a única certeza de sua devastação, com meu cérebro inchado e meu estômago abrasoado, queimando minhas claras percepções. Tu álcool é maldito, é companheiro da desgraça, me traga de volta a vida que hoje te declaro na morte, na morte de meus passos, de meus amores e amizades,não vou mais renunciar minha paz, vou ver bem minha família sem sua tola intrepidez. Tu me fez ébrio, cão que volta para lamber seu vomito, tu fez eles enxergarem quem não sou, para me por de quatro e abraçar-me com sua demência, foge de mim com sua crueldade, fazendo de mim espetáculo para desconhecidos e aborrecimento de amigos, me traga de volta a vida que hoje te declaro morte.

 



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Poste ufano

 













Porque quiserdes as espadas, e não a paz como pena em sua mão?
Para reescrever toda sua caminhada, como sem dores numa gestação
O que lhe foi inútil foi o que me ensinou a descansar,
Perdoar tuas moradas sem teto, que me fizeram na tempestade naufragar,
Ainda que aprenda sobre si mesmo, porque negas a te enxergar?
Colando em todo poste ufano de altura, marcas de papel que o vento vem levar
Apregoar sobre sua cabeça, pesadas cargas de exaustão no pensar
Fazendo-te desalento na caminhada, hipócrita e cruel com os outros
De mordomia se compõe mentira, de engano sua cabeça com dinheiro
De falsidade se encheu seu rosto, quando me inventou por interesse
Esquecendo tua estatura, seu tamanho que também podem pisar
Enfraquecendo suas amizades, por culpa do egoísmo e amor fraco
Por onde escondem as armas, também escondem as balas
Aonde deixam os rastros, mostram-se os culpados
Por onde escondem mentiras, criam as intrigas
Por onde matam o amor, matam a vida

Por Manfrá

sábado, 24 de novembro de 2012

Vértebra frontal


















E se eu corro daqui quem vai escutar
Se eu me venço para poder estar de pé
E se eu me deito e finjo que nada aconteceu
E meu rosto se distorce pelo peso do olho
E a alma findando no buraco do esgoto vermelho
Quebrando toda a batida que me faz pulsar
Cortando traços de bons sorrisos
Cavando pela testa velhas rugas
Vindo de mim motivação sem vida
Com fraqueza em embalagem de orgulho
Eu me cansei de todos os rostos fortes
Polidos, enrustidos e tristes por dentro

Por Manfrá

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Sobras de cardaço


















E eu me achei aqui
Sem ninguém
Foi o que de mim se quis ouvir
Para enfeitar toda falsa gargalhada
Sufocado em meu estomago
De envenenado a veneno
Desfigurado pelas entradas de meus jardins
Como se um buraco invadisse meu ser
De restos e sobras de cadarço
Cordas de meu final infeliz
Quisera eu ficar de boca aberta
Desconectado de seu mundo infantil
De pedras e sujeira na mão
Apontadas contra o nosso reflexo
De ódio e amor foi o que me fez
Despertando-me no susto pela madrugada
Quisera eu ter ficado calado
Na incerteza de boatos mal falados
Do que ouvir aquele monte de asneira
Surra de palavras amaldiçoadas
Toda a crueldade que pudesse me ferir
Medindo minha incapacidade
Sobre um abismo de odores
Cansado de apanhar de seu cheiro
Onde eu estava parado
Vinha e me amordaçava
Me ponhava de quatro
Amarrava-me em seus seios
Rasgava-me de dentro para fora
Expondo toda minha loucura
Que eu era capaz e não sabia
Sentindo ela sobre mim
Com raiva se despia
Irritava-me como pernilongo de noite
Que se achegava como de instinto
E me deixava confuso pelos cantos
Pensamentos que eu jamais queria ter
Por medo de matar e morrer
De tirar toda sua vida
E fazer de luz sobre a minha
Ainda que virasse maldição
Caberia debaixo de meu teto
Que de sua veia eu emendei
Como sobras de cadarço
Sua falsa ironia estaria perturbada
Pela tempestade que venceu minha seca

Por Manfrá

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Monstro de verdade



Sim, foi o que se deparou diante de mim, um espelho estilhaçado, expondo nos meus olhos a loucura da verdade, me dizendo que sou monstro, monstro de verdade.

Rejeitei ser o que sou, rejeitei a mim mesmo, para ocultar o âmago, não demonstrar o quanto sou indigno, te desprezei para me ver forte, forte sobre sua vontade.  Não deixei-me defrontar com aquilo que sou, com presunção e ignorância eu segui, acreditando na minha salvação, nem dono e nem caseiro, viajante rumo a minha própria confrontação, poeta de meu próprio caos.   Hoje quando me sento para escrever, escrevo para não perder o que do mal vi crescer, matando fé, amor e luz, não sabendo se sou bom ou mal tentando voltar na noite escura para casa, desmatando-me por toda a reserva que eu tentei proteger, me derrubando das copas no bairro de minhas ilusões, que acreditei, que percorri por me achar incapaz, quando na verdade eu era digno de toda força, tudo o que Deus puserá em mim, pois também, desde quando acreditei na minha fraqueza eu não sei o que me tornei, sendo você força.


Por Manfrá