sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Interligando




















Aprendi que é mais sábio
ouvir do que falar
mas se calar diante da injustiça
é consenso e covardia
quantas intenções há nos corações?
quantas mentes sem noção?
quantos estômagos fartos
reclamando de barriga cheia?
pisando o casebre
enriquecendo a mansão
zombando da fé do pobre
que o conforta na solidão
nessas redondezas
só se ouviu falar do amor
nessas quebradas
Jesus andaria e não desprezaria ninguém
nessa bocada
coração virou pedra
Nessas avenidas
Por essas vias
Vida que se via
E que já não se vê
dessa fossa
pobres viraram reis
a disciplina com amor
causou diferença
a disciplina sem amor
gerou indiferença
o grito de subversão
ecoa para toda eternidade
o da ganância
corroe como câncer novo
estabelecendo rotas
traçando mapas
calcando mazelas
hienas no poder

domingo, 11 de maio de 2014

Invenção do crack
















Quem sou eu que passa na multidão
Invisível entre as pessoas?
Esbarro em um, tropeço em outro
Sigo em frente apertado como um nó
Corpo amassado e irreconhecível
Lá no fundo aos olhos de quem vê
Não sai da multidão eu que quero sair
Sai gente e entra gente
E continua tudo embasado
Viro para um lado e para o outro
Acanhado e chateado
Tá tudo achatado
Desse lado de cá
Não da nem pra conversar
Derrepende sou eu que falo:
Da um dez ae!
Sujeito esquisito que me olha
De repente solta a pergunta:
Quer uma pedrinha aí ?
Afirmo que sim
Pego uma lata qualquer no chão
Toda pisoteada e desfigurada
Fumo ali mesmo sem receio
Sem dó e piedade
Neguinho me olha fissurado
Tenho que parar
Guardar minha pedrinha pro jantar
Vou viajar daqui
E vou de lata
Primeira classe
Da esquadrilha da fumaça
Não sou rei, não sou herdeiro
Sou invenção do crack
Pedra do mal
Sujeito do mal
Vou sair da multidão
Do inferno cracolândia
Tá muito embaçado aqui
Não da nem pra respirar!

segunda-feira, 31 de março de 2014

Surtir













Mesmo que eu falasse sobre o amor por noites inteiras
e pregasse sobre a humildade nos campos e cidades
E tivesse a chave para o portão da liberdade
A calmaria de toda a raiva
A Paz para todo o ódio
E a luz para todos os povos
Mesmo que sacudisse o mundo com minhas mãos
e gritasse para o universo inteiro
E tivesse o caminho da felicidade eterna
A solução para todos os problemas
E respostas para todas as perguntas
De nada adiantaria para uma sociedade orgulhosa.



terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Fruta atômica















Escravo do futuro
Refém do passado
Não arrumei temperança
E me autodestruí
Já fui achado sofrendo por mim mesmo
Por algo que eu não cresci
Se a vida me desse alguns tapas
eu acordaria para o que disse
Que já fui mal de minha sorte
E sombra de meus dias quentes
Vivendo nessa corda bamba
Desejando voltar para o seu umbigo
Não desejar mais essa infelicidade
Que me pôs de joelhos sobre seus escombros
De cidade fedida e caída
para céu azul e mato abundante
Vilão nunca mais me achou
Perdido entre os restos de sua historia
Que de uma fruta proibida
Á uma bomba atômica
Todos nós
Se tornamos culpados
Me equilibrando entre eu te amos
Tentando sossegar minha sede
Já cai por desespero
Falta de fé comigo mesmo
Não queira essa inveja
O mal que te domina
Sou o que sobrou do lúdico
E da criança incompreendida
Preso no porão de minha mente
Cavando na terra meu lar
Fugitivo da psicose humana.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Selva de louco






















As vezes é necessário fugir
para poder resistir
a toda essa mania
De falso canalha e mentiroso
que a vida pode te apresentar
tenha noção do que se transforma
e não deixe de se transformar
Não pense que sabe tudo
nem que não sabe nada
a paz é um caminho estreito
e eu estou longe dela
confiar em gente é loucura
que até um animal comete
estar ciente do perigo
é estar ciente das regras
mas se está livre
nada te impedirá
Se sou homem ciente do amor
vou procura-lo mais afundo
longe de toda essa bobeira
de selva de pedra
que curva homens
à objetos
matam seus semelhantes
por moedas
vendem a vida
por nada