quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Arranha grilo


Tudo está esquisito, nada está entendido
Tem certo mal compreendido e errado dando sopa
Confusão demais sobre um assunto e permanência isolada em outros
Poemas despercebidos, por multidões inteiras
De pensar e pensar e em nada alcançar
Mal amados retornados a miséria
Rejeitados na convicção solene
Do repúdio sem lagrimas
Do canto sem recanto
Tem tanta porta mal batida
Sangrando por dentro
Orgasmos não penetrantes, arranhando o grilo
Mas eu lhe confesso algo sobre essa multidão
Que são despercebidos de suas consciências
Almas que se confessam retas
São sonhos ardentes postos num caldeirão
Enchendo suas feridas de pontos
Gente amando demais o espelho
Gozando da arte que se desfaz
Descuidados com a palavra
Que mata ou da vida
Feridas despercebidas
De um aborrecimento eterno

Por Manfrá

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Corpo em alma





















Agora quem sou eu que sei
Que me desfaço e me refaço sem perceber
Fazendo da minha noite
Parada de esquina
De todos os meus pensamentos
Os que ainda queimam em mim
Trazendo ao alvorecer
Minha iluminação
Do corpo em alma
O que habita em ti
Não tenho diferentes caminhos
Que me fazem te perder
Nem solução solúvel
Que me faça despedaçar
De todos os crimes que cometi
Te faço ouvir meus sussurros
Da dor que ainda queima em mim
Fazendo do papel meu espetáculo
Descrevendo o que não posso dizer
Para descansar sobre ti
A verdade dessas palavras
Desabrochando cada pensamento
Cada visão em um único lugar
Como luz de idéia que pudesse existir
Iluminando toda mente
Fazendo da noite brincadeira
Compondo no papel nossa melodia
Brincando por estar vivo
E alcançar o inalcançável
De ser de todas as criaturas
A mais bela que já existiu.

Por Manfrá

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Incesto bipolar

Esse é um daqueles momentos que não sei o que quero, quero me esvaziar,  me encher de ti, desmoronar seu castelo, erguer seu coração.  Quero pureza, quero sujeira, o órfão, a viúva, o filho, me livrar desses delírios.  Tenho medo quando estou triste, revoltado com toda a existência, quero estar livre, preso em você, gastar dinheiro, queimar dinheiro, cortar minha pele rígida, amamentar o desnutrido, levá-lo aos braços da estranha, expulsar a estranha.  Quero viver na emoção, quero ficar deitado em minha cama, fugir de alguém, encontrar alguém, te fazer escapar entre meus dedos, te ajudar, erguer tua cabeça vencida, fazê-lo forte, fraco, néscio, sábio, sujo, vilão, herói.    Quero dançar, aquecer meus ossos, penetrar em seus olhos, persistir no que não me convêm.   Quero ser feliz, quero ser bom, quero teu bem, quero tua verdade, você despida,  nua em minha cama, você vestida, sem malicia. Discutir, ficar em silêncio, sumir por um tempo, reaparecer em outro, visitar meus amigos, abraçá-los, amá-los,  me afastar, me distanciar, vê-los de longe, tê-los por perto.  Quero gritar, fortalecer, cuidar das palavras, amaldiçoar pelas palavras, ser honesto, sincero, chato, legal, receber um sorriso, mostrar os dentes, culpar meus pais, me culpar,pensar em alguém, esquecer de mim, esquecer dos outros, curar a mim, curar os outros.   Fantasiar uma realidade, viver a realidade, fugir dela, me encontrar nela, enfrentá-la, desculpá-la, amaldiçoá-la, matá-la, revive-lá todos os dias, querer o que não posso, viver eternamente, morrer eternamente, estar pronto aonde estou, estar aonde quero.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Pavio de tumores


















A babaquice foi alta de mais
quando se ouviram a partir do verbo
toda patética ironia
injetada de suas glândulas salivares
mentes que desconhecem a empatia
para conseguir o que não precisam
Toda visão distorcida
em bilhões de sentimentos despercebidos
para agradarem seus egos vencidos
dispostos dentro de um pavio de tumores
Sangrando de suas palavras
toda arrogância e crueldade.

Por Manfrá

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Fé de louco e fé de careta



 


















Fé de louco só louco compreende
Fé de careta tudo mundo acha que entende
A fé do louco não se prende em padrões
A fé do careta só segue modas
A fé do louco vê Deus em sua infinita sabedoria
A fé do careta se vê diante de um espelho embasado
A fé do louco quebra barreiras de olho grande
A fé do careta cobiça coisas grandes
A fé do louco se forma na humildade
A fé do careta busca só o material
A fé do louco encontra amigos verdadeiros
A fé do careta só busca por interesse
A fé do louco alimenta seu espírito
A fé do careta seu lado carnal e podre
A fé do louco não é egoísta
A fé do careta não tem sentido
A fé do careta parece ser louca
Mas a fé do louco
Não se curva ao mundo.

domingo, 7 de outubro de 2012

Carla maltratada



Cresce o abandono, e no coração dela estou manchado de tinta preta e urina de cavalo, vermes aos olhos da terra desarmada, gritando por sua nudez, bufando como o lobo dos sete mares.   Injeta-me como heroína, sua hipocrisia me recriou das cinzas de seu orgulho, me devolva ao inóspito bem me querer, te desejo como um cão, minha cadela envenenada, sua droga é como minha comida.   Rejeitando a perfeição de seus erros, eu me invento nela, e ela como uma fonte de luz negra obscurece minha alma escura, sem sentido para a vida mergulhada na incompreensão humana.   Como ela poderá me deduzir? devorar-me pela metade?  Recrio nela cada despertar de minha louca paixão, infame aos olhos dos pecadores orgulhosos, libertadora ao passo lento da vida, batendo em cada acorde de sua mistura trágica, eu me despido perante ela, e como uma deusa eu me sacrifico em seu altar, minha evolução lenta e intima distorcida pela veneração gratuita de meus instintos, sou a encarnação da maldade disposta dentro de mim, meu desejo é possuir-la como fonte de prazer enigmático.    Desencadeia dentro de mim toda a bravura do impulso egoísta, queimando como o sol do meio dia minhas pálpebras já cansadas de apanhar por sua beleza significante ao meu paladar.    Eu a vejo rastejar, por trás de mistura ilícita, ela corre como rainha da realeza anêmica, toda embrulhada pronto para ser devorada por minha carne.   Ela se identifica como Carla, Carla maltratada, Carla apanhada e cansada, eu a imito de meus sinais ilusórios, tentando de toda a sorte torná-la real ao meu conto de anfetaminas e morfinas, desprendiciosa, guerreira aos olhos de minha manifestação artística, vou pintá-la como o anel de finos manjares entalado em minha garganta, compor-la ao meu retrato de perseguição visual, entrelaçado entre as paredes finas e suadas de meu quarto de recuperação.     Aprendi a conviver com os pensamentos embaçados de pessoas comuns, mais Carla viciada está ali, deturpando toda minha rotina deprimente e meus anseios efêmeros, me tornei como uma bola de pelo, brinquedo do felino voraz, ela como uma cria malvada me despedaçando pelas esquinas do meu futuro incerto.   Carla, Carla, maldição ou cura? progresso ou regresso de minhas lúcidas buscas? Vou queimá-la até que se torne cinza e ressurja mais forte e poderosa como a mitológica ave fênix, ainda que eu seja tragado pelo seu olhar esmagador, vou comê-la e torná-la parte de minha matéria, engrenagem de minha existência locomovendo-me ao abismo de minhas perturbações espirituais e sentimentais.  Por quê? Eu que estava livre de todos os riscos do amor, me acorrentar ao buraco negro de incertezas e indagações anormais, talvez eu quisesse lamentar sobre o leite derramado e escovar meus dentes com a púrpura de sua maquiagem excêntrica.    Assim eu a vi, assim eu me perdi, sua prepotência era fogosa, minha impotência escravo de suas desventuras pelas noites curitibanas, Carla estava ali, como toda noite, desamparada pela vida, seu apetite por drogas inalava de sua cara perfumada com fragrâncias baratas de uma marca qualquer, eu queria repousá-la, aconchegá-la ao meu instinto voraz e louco.   Ela me encantou pela dança, como se sua expressão corporal se suicida-se em cada passo.  Eu sempre fui fraco ao tormento de belas tempestades, queria correr com ela sobre as densas nuvens de minha perplexidade divina.  Não hesitei duas vezes, parti para cima dela como um caçador de aventuras desleais, em sua negação estava  minha persistência para convidá-la,para tê-la em meus encantos, meus braços inimigos e amigos de quem quer amá-los ou odiá-los.   Carla como parasita se alimentava de minha necessidade, assim iniciava-se o ritual de sacrifícios divinos e hipócritas.  

Por Manfrá

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Âmago essencial

Sou sujeira aos olhos da imbecilidade convencional da tragédia humana, eu sou a decadência rastejando por vida, a volúpia corporal desmascarada pela sensualidade trivial, como demônio embriagado, sedento por caos em minha rebelião pessoal.   Manchada está à amizade humana, podre como a imundícia de nossas palavras falsas, não existiu cartola nem coelho, somente um palhaço triste e envergonhado pela vida.    Correndo para fora da imensidão do vazio existencial, está a banalização, a obrigação de ser o instrumento chave da miséria humana, restituir todo o pesar ao lamento do faminto, faminto de suas ideais e perspectivas, rejeitado na ardente prova da aceitação afetiva do esgoto vermelho rangendo de  pancadas em seu peito. O que dói não é a ruptura, é a escassez de informação vital, envolvendo todos como um nó arreganhado ao pé de Cristo.   O fantasma da ilusão é real, e está a todo tempo devorando informação, no leito da amada ao funeral de despedidas,o que cresce é a solidão, amaldiçoado pelas afrontas de defrontar-se, encurralado  no beco da obrigação de crescer e exigir cada vez mais de si próprio.   

Por Manfrá