Sou sujeira aos olhos da imbecilidade convencional da tragédia humana, eu sou a decadência rastejando por vida, a volúpia corporal desmascarada pela sensualidade trivial, como demônio embriagado, sedento por caos em minha rebelião pessoal. O que dói não é a ruptura, é a escassez de informação vital, envolvendo todos como um nó arreganhado ao pé de Cristo.
domingo, 11 de maio de 2014
Invenção do crack
Quem sou eu que passa na multidão
Invisível entre as pessoas?
Esbarro em um, tropeço em outro
Sigo em frente apertado como um nó
Corpo amassado e irreconhecível
Lá no fundo aos olhos de quem vê
Não sai da multidão eu que quero sair
Sai gente e entra gente
E continua tudo embasado
Viro para um lado e para o outro
Acanhado e chateado
Tá tudo achatado
Desse lado de cá
Não da nem pra conversar
Derrepende sou eu que falo:
Da um dez ae!
Sujeito esquisito que me olha
De repente solta a pergunta:
Quer uma pedrinha aí ?
Afirmo que sim
Pego uma lata qualquer no chão
Toda pisoteada e desfigurada
Fumo ali mesmo sem receio
Sem dó e piedade
Neguinho me olha fissurado
Tenho que parar
Guardar minha pedrinha pro jantar
Vou viajar daqui
E vou de lata
Primeira classe
Da esquadrilha da fumaça
Não sou rei, não sou herdeiro
Sou invenção do crack
Pedra do mal
Sujeito do mal
Vou sair da multidão
Do inferno cracolândia
Tá muito embaçado aqui
Não da nem pra respirar!
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