quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Dentadura amarela

Era frio e distante para caminhar,
Cômodos da casa, uma rua miserável, sala no piso superior.
Ela entrou no banheiro, paredes finas, dedos amarelos
Banheiro pingando, sombras cinzentas.
Pude vê-la, em cima do muro,
voltando para mim
Lugar vazio, calma indecente,
O que ela quer de mim?
O seu silêncio cria tudo em volta
Me diga aonde você dormiu a noite passada?
Porque não quer mais minhas poesias?
Aonde você vai? Aonde vai?
Porque o seu mistério não é mais novidade?
Chinelo do lado de fora, cachorro babão,
marcas de cigarros, cobertor queimado
Me diga o que ela quer de mim
Aonde vai, aonde vai?
Não vou procurá-la mais
Em meus sonhos diários
Dentadura amarela no copo, radio ligado
poesias velhas, poesias amassadas
No quarto chapado, larica intensa
fome mata, pensamento louco
rabiscos em cadernos, folhas rasgadas
televisão ligada, volume abaixado
Música alta, vizinho acordado
O que ela quer de mim?
Na noite chapado

Por Manfrá

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