sábado, 28 de julho de 2012

Agulhas




Sinta a agulha
Atravessando a sua veia
Negável dor pagável
Que não pode te curar
Arrasta-me para fora
Lambendo a sua ferida
Hoje acordei tão atrasado
Que me fizeram acreditar que é tarde
Tenho tentado me limpar
Esvaziei os meus bolsos
Roubando carteiras vazias
Cheirei cinzas de desespero
Se afogando em um copo de vodca
Enterro-me em meu quintal
Com a pá que eu mesmo comprei
A magoa que não mata
O erro que não ensina
Deixe-me assim
Procurando mais um vendaval
Que possa me levar
Como cinzas desse lugar
Aonde eu não possa ouvir
Você em meu ouvido
Reclamando por ter
Tudo o que sempre mereceu
Não sou você, não insista em dizer
Que hoje a noite será só nós dois
Os mesmos corpos que se odiavam
Por não entenderem o mundo um do outro
Será que não temos mais
Aquela velha quietude
A calma das madrugadas sensatas
A certeza das coisas que não se vêem?

Por Manfrá

2 comentários:

  1. "Aonde eu posso viver
    Sem ter que ouvir você no meu ouvido?
    Reclamando por sempre ter
    Tudo o que sempre mereceu "
    Confesso que tive certa dificuldade em captar a verdadeira essência de teu poema... Acho que consegui - ou talvez eu esteja totalmente equivocada em minhas conclusões - mas este poema está realmente de tirar o fôlego, essa imagem é incrível.
    Parabéns pelo texto, parabéns pelo blog. Até mais Manfrá '-'
    Entrevista com a banda #ROAM, não deixe de conferir http://bit.ly/N7cU6B

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